domingo, 27 de julho de 2014

Os primeiros dezanove verões


Regressei. Pela enésima vez, regressei.
Tratei o meu blog como quem não trata um jardim, que é consumido pela ervas daninhas que se difundem pelo espaço envolvente, que procriam, que se reproduzem, tornando-se autênticos seres carnívoros. No meu imaginário, penso assim. As plantas desse jardim tornam-se tenebrosas e crio a pior imagem para elas. Foi nesse estado que deixei o meu blog. Sofreu. Ou sofri. Não importa.
Desde a última vez que escrevi, mudei. Ou algo em mim mudou. Acredito mais na segunda hipótese porque me sinto o mesmo desde o ano passado. Ou será que mudei e faço crer a mim mesmo que continuo o mesmo? Pouco importa, agora. 
Já conto com dezanove verões (sinceramente, não gosto da expressão dezanove primaveras, e, para além de mais, nasci no verão). Em menos de um ano (sim, tenho noção de que não escrevo há onze meses), a minha vida tomou um rumo totalmente diferente.
Começou em Setembro. A entrada para a faculdade deixou-me em êxtase. Não entrei na minha primeira opção, mas não deixei de entrar no curso que queria. Fiquei eufórico. A partir do início das aulas, e devido a algumas condicionantes, entre elas a minha especial teimosia, comecei a desistir de estudar naquela faculdade. Aos olhos de muita gente, desisti porque não quero ter desafios na vida porque procuro sempre o caminho mais fácil, que passo sempre pelos pingos da chuva. No meu ver, tinha (e tenho) de zelar pelo meu bem-estar psicológico, que muitos parecem não reconhecer a sua importância nesta vida. No entanto, conheci pessoas e criei amizades com elas que quero que sejam duradouras. Também conheci autênticos animais, mas isso é como em todo o lado. Sempre ouvi dizer "dos fracos não reza a História" e não queria ser mais um a continuar lá porque não tinha vontade de recomeçar tudo de novo. Não sou dessa opinião. Prefiro começar de novo, sentir-me bem onde estou, a estudar o que realmente gosto. 
Em Dezembro, saí da faculdade e tratei de começar a estudar para os Exames Nacionais, que se realizaram em Junho. Já os fiz, sem ter sido necessário recorrer à segunda fase. De três exames que realizei, cujo um deles me auto-propus, visto que nunca tive a disciplina, só fiquei desiludido com a nota de Português. Do presumível 15 ou 16 que pensava que ia tirar devido à facilidade do exame, tirei 11 valores. Fiquei desiludido, mas rapidamente me alegrei quando vi as notas dos exames de História A e História da Cultura e das Artes (o tal exame em que me auto-propus). As notas foram bastante superiores relativamente ao que estava à espera. A História A consegui o 16 que tanto precisava para entrar na faculdade que quero, alcaçando o título de terceira melhor nota da escola, e tive 15 a História da Cultura e das Artes, tendo sido a segunda melhor nota da escola. Graças ao exame de História A, a minha média, relativamente ao ano passado aquando da minha candidatura, sobe dois valores e quatro décimas. Sinto que consigo entrar perfeitamente porque o último colocado do ano passado tinha menos um valor e duas décimas relativamente à minha média.
Iniciei, também, a minha vida laboral. Graças a ela, consegui concretizar um enorme sonho para este ano, dois mil e catorze: ir ao Optimus Alive (para mim, será sempre Optimus Alive). Consegui ir e delirei. Fui com pessoas que desconhecia, só tendo contactado com elas em redes sociais, e foi das melhores experiências que tive, e com amigos da faculdade. Vi o concerto dos Arctic Monkeys muito afastado do palco devido ao amontoar de posers que queriam estar na front line, mas também devido a uma certa claustrofobia que estava a sentir, após três concertos em que quase não me mexia. Ao segundo dia, não marquei presença, e estou totalmente arrependido. O terceiro dia foi fantástico, apesar de todos os problemas técnicos. A pulseira continua no meu pulso e dificilmente a vou tirar. Já é parte de mim.
Por fim, aos dezanove anos, voltei a ser tio pela terceira vez. Os meus sobrinhos já respiram o mesmo ar que todos nós. A Margarida e o Martim, ou a Maía e o Patim, segundo o meu sobrinho mais velho, já encantam este mundo. Ou encantam o meu mundo, pelo menos. 
Já me esquecia! Ainda antes dos dezanove verões, lá consegui tirar a carta de condução. Já deixei o meu cunho pessoal em muitos passeios e muitos postes. A minha Ana Malhoa sofre compulsivamente. Tenho pena dela. Tenho um medo desgraçado de conduzir fora da minha zona de conforto. É horrível. Porquê? 
Agora, vou dar maior atenção ao meu blog, à leitura e ao Inglês. Sou uma lástima a Inglês e tenho de melhorar substancialmente. Vou começar por ler livros em Inglês e depois passo para os filmes sem legendas. Vou sofrer muito, mas é a única solução. 
A partir de agora, vou terminar cada post com uma frase que o resuma, ou que resuma parte dele. Para este post, a minha escolha recai para Antoine de Saint-Exupéry, nomeadamente para uma frase extraída do seu emblemático livro Le Petit Prince, ou, em Português, O Principezinho. Esta frase resume as marcas que nos são deixadas pelas pessoas com quem contactamos, pelos nossos amigos, familiares. Todos eles deixam uma marca nas nossas vidas. 
"Aqueles que passam por nós, não vão sós. Não nos deixam sós. Deixam um pouco de si e levam um pouco de nós".